Ressalta-se ainda que o profissional verificar as regras de competência do artigo 94 e seguintes do CPC, que discorre sobre as regras de competência territorial. Existirão determinadas situações que irão estabelecer regras diferentes para a definição de qual o fórum competente para o endereçamento da petição. Como exemplo, em questões relacionadas ao Direito do Consumidor, será responsável o domicilio do consumidor, conforme a redação do artigo 101, inciso I do CDC, ou ainda em questão envolvendo direitos do idoso, será competente o foro do domicilio do idoso, conforme a redação do artigo 80 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso).
Uma vez identificada qual o endereçamento correto, deve-se pular dez linhas e fazer a qualificação do autor e do réu, com seus nomes em caixa alta e as suas qualificações (nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio, RG e CPF). Para aqueles que irão prestar o Exame da Ordem, deve-se tomar muito cuidado com as qualificações, devendo seguir estritamente apenas o que foi colocado na questão do Exame. Quaisquer dados colocados em sua peça, que não esteja na questão serão considerados identificação do candidato e a prova do mesmo será anulada. Ressalta-se ainda que o profissional ao tecer a sua peça, também deve se observar as regras de competência territorial.
Após as qualificações das partes, deve-se escrever o nome da peça. Por exemplo, ação de cobrança, mandado de segurança, apelação, embargos de declaração, etc. O nome da ação deve ser escrito em caixa alta, em negrito, com a fonte com tamanho um pouco maior do que o corpo do texto, sendo que normalmente utilizo tamanho 13. Algumas pessoas costumam escrever o nome da peça desta mesma maneira, porém pulam uma linha, escrevem o nome da peça em separado, centralizada, pulam mais uma linha e continuam escrevendo o restante da peça. Outras costumam escrever no corpo do texto o nome da peça, logo após a qualificação do autor, sendo que depois de escrever o nome da peça, coloca as qualificações da outra parte. É opcional, sendo que você deve escrever o que mais parecer natural parta você. Deixo um exemplo, das duas maneiras, baseado em um problema de Direito Civil, do VI Exame da Ordem:
Joana, nacionalidade _______, estado civil_____, profissão ____, portadora da carteira de identidade RG nº ____, inscrita no CPF/MF sob o nº _____, residente na Rua _____, nº___, Bairro____, Cidade ________, Estado_____, por meio de seu advogado constituído que a esta subscreve, mandato em anexo, vem respeitosamente diante de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 801, 839 e 840 do Código de Processo Civil propor MEDIDA CAUTELAR DE BUSCA E APREENSÃO C/C PEDIDO DE LIMINAR em face de Flávio, nacionalidade _______, estado civil_____, profissão ____, portadora da carteira de identidade RG nº ____, inscrita no CPF/MF sob o nº _____, residente na Rua _____, nº___, Bairro____, Cidade ________, Estado_____, pelas razões de fato e de direito que a seguir serão devidamente expostas:
Ou ainda:
Joana, nacionalidade _______, estado civil_____, profissão ____, portadora da carteira de identidade RG nº ____, inscrita no CPF/MF sob o nº _____, residente na Rua _____, nº___, Bairro____, Cidade ________, Estado_____, por meio de seu advogado constituído que a esta subscreve, mandato em anexo, vem respeitosamente diante de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 801, 839 e 840 do Código de Processo Civil propor
MEDIDA CAUTELAR DE BUSCA E APREENSÃO C/C PEDIDO DE LIMINAR
em face de Flávio, nacionalidade _______, estado civil_____, profissão ____, portadora da carteira de identidade RG nº ____, inscrita no CPF/MF sob o nº _____, residente na Rua _____, nº___, Bairro____, Cidade ________, Estado_____, pelas razões de fato e de direito que a seguir serão devidamente expostas:
A seguir, deverá pular duas linhas e ser confeccionado o item DOS FATOS. É a causa de pedir, a causa remota prevista no artigo 282 do Código de Processo Civil. Este também deve ser feito em negrito e em caixa alta. Depois pula-se duas linhas e começar a narrar os fatos. Aqui deve-se escrever tudo o que ocasionou a lide, os eventos que tornam necessário que haja a prestação jurisdicional do Estado-juiz. Este item deve ser colocado em numeração sequencial em algarismo romano (I – DOS FATOS).
Normalmente, nesta parte da nossa peça jurídica substituímos os nomes das partes por autor e réu, requerente e requerido, apelante e apelado, etc. Os candidatos do Exame da Ordem devem ter aqui os mesmos cuidados já mencionados anteriormente, não colocando qualquer dado não mencionado no texto, sob pena de ter a sua prova anulada. Também deve ter o cuidado de não transcrever todo o problema escrito no caderno de questões, pois, conforme já mencionado, o examinando possui apenas 150 linhas para confeccionar a sua peça, e se o mesmo transcrever todo o texto, corre o risco de não ter espaço suficiente para fazer o restante de sua peça.
Após ter sido confeccionado o item DOS FATOS, pula-se três linhas, e deve ser confeccionado o item chamado DO DIREITO, que também deve ser escrito em negrito e em caixa alta, e em numeração sequencial em algarismo romano (II – DO DIREITO). Trata-se da causa de pedir próxima, prevista no artigo 282, inciso III do CPC, que deve demonstrar que todo situação fática descrita no item DOS FATOS, estão amparado pelo ordenamento jurídico. É a consequência lógica, a consequência jurídica dos fatos. Aqui devemos escrever todos os direitos que possui o autor no caso concreto. Se for mais de um direito devemos dividi-los em subtítulos colocando, colocando-os em negritos, não sendo necessário que seja em caixa alta.
Todos os direitos devem estar devidamente fundamentos no texto legal pertinente, demonstrado a real correspondência entre os fatos anteriormente narrados e sua relação com o direito. Principalmente se tratar de legislação municipal, estadual, internacional, ou consuetudinário, o autor da peça deve demonstrar a existência, a vigência desta alegação, de qual legislação se trata nos moldes do artigo 337 do CPC. Não se deve, ao redigir o texto, abreviar os termos utilizados, como por exemplo, CPC, CDC, CP, CTN, etc. Deve-se transcrevê-los extensamente: Código de Processo Civil, Código de Defesa do Consumidor, Código Penal, Código Tributário Nacional, etc.
Nesta parte (DO DIREITO), devemos ser o mais objetivo possível, para que possamos convencer o magistrado das nossas alegações. Para isso, além do texto legal nós devemos embasar todas as nossas alegações por meio de jurisprudências e doutrinas. No caso da utilização, deve-se usar o bom senso em relação à quantidade de jurisprudência. Deve-se utilizar tantas quantas forem necessários para embasar a sua alegação (costumo utilizar no máximo duas por argumentos). Também recomendo utilizar jurisprudências mais atuais referentes ao tema que você esteja abordando. O mesmo vale para a utilização de doutrinas: utilização de duas citações atuais, pois mesmo que você queira utilizar obras de autores renomados, o que está correto, você deve verificar se existem edições recentes da obra de seu autor.
Cada direito mencionado deve ser colocado em separado, por exemplo, se você vai alegar três direitos (Inexigibilidade do débito, responsabilidade civil e dano moral), em uma ação declaratória de inexigibilidade de débito, coloque estes três divididos em tópicos, utilizando a numeração alfabética, conforme o exemplo abaixo:
II – DO DIREITO
a – DA INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
b – DA RESPONSABILIDADE CIVIL
xxxxxxxxxxxxxxx
c – DO DANO MORAL
Quando você utilizar uma citação, deve mostrar a fonte desta citação, sendo que se for de uma doutrina jurídica, deve-se mencionar o nome do autor, o nome da obra citada, a editora, o ano da publicação e a editora. Se for uma citação jurisprudencial, deve-se mencionar de qual tribunal retirou a jurisprudência, a câmara ou turma, o tipo de instrumento processual (apelação, agravo, embargos, etc), número do processo, data da publicação do acórdão.
A citação acima de três linhas deve ser em recuo, com margem de 6 cm, com o mesmo tipo de fonte utilizado no texto, porém deve ser no tamanho 10.
Uma vez feito discorrido sobre todos os direitos referentes ao caso concreto devemos finalizar a nossa peça, pulando três linhas e redigindo a sua última parte, que é DO PEDIDO, que também deve ser escrito em caixa alta e em negrito, e em numeração sequencial em algarismo romano (III – DO PEDIDO). Aqui o autor da peça deve especificar exatamente o qual a prestação jurídica do Poder Judiciário, que gostaria fosse concedida. Primeiramente após escrever DO PEDIDO, deve-se pular duas linhas e escreva a seguinte expressão: Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:
Em seguida, coloca-se em numeração alfabética em minúsculo cada pedido necessário para que o direito pleiteado antes seja atendido. Atente-se que todos os direitos que você mencionou deve-se ser colocados no pedido, sob o risco de não serem atendido se você se esquecer, pois o magistrado não deve conceder nada que não requerido pelo autor, seguindo o preceito dos artigos 168 e 460 do CPC.
Outro ponto que o autor de uma peça deve atentar é o fato que os pedidos devem guardar uma relação jurídico-lógico com o que foi expresso na seção DO DIREITO, conforme o dispositivo do artigo 282, inciso IV do CPC. Normalmente deve conter o pedido de consideração da procedência do nosso pedido, citação da parte, condenação da parte nas custas judiciais e nos honorários advocatícios, valor da causa, local e data, nome do advogado e número da OAB.
Aqui, deve-se fazer uma ressalva para àqueles que irão prestar o Exame da Ordem. Não se deve colocar seu nome na parte do advogado, nem assinar ou identificar o local, sob pena de ter a sua prova anulada. Porém, se o problema pedir, por exemplo, para interpor a sua peça no último dia do prazo, você deve colocar a data, porém, não a data do certame, mas a data referente a peça (por exemplo, se trata de recurso de apelação, como o prazo para interposição de recurso é quinze dias, o examinando deve fazer o cálculo utilizando as datas fornecida no problema e contar os quinze dias, identificando o último dia de prazo.
Dicas de Site:
Para auxiliar, deixarei o link da apostila de Manual de Redação Jurídica, do Desembargador Alexandre Moreira Germano, que está no site do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que possui muitas dicas interessantes à respeito das técnicas de redação forense:
Em virtude da Resolução n.º 551 de 2011, as petições dirigidas ao Poder Judiciário se darão por meio eletrônico (peticionamento eletrônico), sendo necessário que o profissional domine a técnica para que possa exercer corretamente o seu ofício. Em virtude disso, deixo o link da OAB/SP sobre peticionamento eletrônico: